Há realmente vidas tristíssimas... A morte da filha, e logo de seguida, num espaço de dois ou três meses, a morte do marido, é uma coisa que destrói, mutila e arrasa com uma pessoa por dentro, deixando a sua vida sem o menor sentido. À medida que ela partilhava a sua dor que era demasiado grande para ser mantida todos os dias dias para si, ou soltando-a apenas em altos gritos de saudade e profunda mágoa enquanto ninguém a podia ouvir, o meu estado de espírito foi baixando e baixando e baixando, ao ponto de ficar como ela. Já só me apetecia desatar a chorar altíssimo, soluçar até me doer a cara, e expulsar a mágoa que ela nos tinha contagiado, mas fui guardando, para que a sua tristeza não se agravasse ao ver que me estava a contagiar tão facilmente. Todos naquela sala ficaram perturbados, inclusive o meu pai, cujo nunca lhe tinha visto uma lágrima nos olhos, até hoje. Há vidas realmente tão tristes, e vazias.
A morte, é sem qualquer dúvida, das coisas que mais me atormentam.
A morte, é sem qualquer dúvida, das coisas que mais me atormentam.
Sem comentários:
Enviar um comentário