
Mas eu nem liguei, estava absorta nos meus problemas.
Então retornou a tentar obter a minha atenção. A fome apertava a sua pequena barriguinha. E levantei-me, olhei para o meu gatinho às risquinhas, soltei uma lágrima que lhe caiu no nariz cor-de-rosa; abanou a cabeça com o impacto frio da gota. Sorri. Ao ver-me sorrir, rebolou no chão, como que para me alegrar ainda mais. Entrei em casa para buscar a comida, e servi-o no pequeno prato de loiça, mas, desta vez, não agiu como de costume. Ficou a olhar para mim, sereno, a observar enquanto lhe apanhava a manta do chão e a dobrava no sítio onde se encontra a cama. Por momentos temi que resolvesse atacar-me. Mas continuou a observar-me, e dirigiu-me um miar doce, como que uma despedida, talvez um arrependimento, e ainda um pedido de desculpas. Antes de lhe fechar a porta, antes de correr dali para fora a soluçar, e antes de o meu peito começar a doer com a sua ausência disse-lhe: "Se te tivesses portado como um gato a sério, tal qual como deverias ser, nada disto seria assim, e eu não teria medo de ti, e tu não estarias aqui, isolado, sozinho nesta divisão aborrecida. Apesar de tudo, a mamã gosta muito de ti fofinho..." e esta última parte saiu-me como um suspiro breve, enquanto me dirigia a correr para o interior de casa, para me deixar afogar na falta que o meu pequenino me faz.
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