
Fiquei impressionada com a minha própria reacção. Claro que nunca deixei de sentir medo dos teus movimentos bruscos à minha volta, principalmente quando desprovida de protecção. As pessoas dizem-me: ''Ficaste traumatizada, e também não era para menos...''.
No entanto eu teimava em dizer que não se tratava de um trauma, mas sim de precaução.
Andava só atrás da minha mãe pelo quintal, a perseguir-te com o olhar para calcular os teus avanços e recuos, mas sentia-me petrificada com o medo. Dizem que os animais presentem o medo das pessoas e por isso mesmo atacam. Será que foi isso que te levou a abocanhar-me as pernas? Não sei mas também não me poderás responder. E a verdade é que só me causaste um arranhãozinho superficial; mas o pânico e o pavor, aquele triste final de tarde a repetir-se pormenorizadamente na minha cabeça em míseros segundos, todo este aglomerado de imagens repletas de medo fizeram com que todo o meu sistema nervoso entrasse em pânico, e funcionasse apenas para deixar os meus membros fracos e a tremerem, e fazerem brotar dos meus olhos gordas lágrimas salgadas. Aí sim, apercebi-me do quanto me aterrorizas, esse teu ar alucinado... Não pareces o bebé que fui buscar quando tinha apenas um mês... Nem sabias miar direitinho meu gatinho.
Mas e agora? O que é que se pode fazer quando, apesar de tudo, amamos aqueles que nos magoam, e que apesar de os amarmos, nem nos conseguimos aproximar deles? Não sei o que fazer... Sinto-me perdida. E sozinha.
eu percebo-te :)
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